Manaus, AM
Por Élson de Melo (*)
Uma trajetória de muita luta para alcançar a liderança de audiência e reconhecimento político. Esse é o resumo da carreira desse cronista e seus irmãos. Conheci quando a linha editorial do seu programa era exclusivamente para a política, no estilo TALK-SHOW, promovia entrevistas com os políticos locais, agradeço com gratidão o espaço que nos ofereceram quando estávamos começando no Movimento Sindical e no saudoso PT. Naquele tempo era quase impossível divulgar qualquer coisa nas televisões locais. Os Irmãos Souza ousaram em garantir a divulgação das nossas idéias em seu programa Canal Livre.
Naquela época Wallace tentou varias vezes um mandato nas casas legislativas do Amazonas e não conseguiu sucesso. Com o surgimento das galeras de bairros e o aumento da violência urbana na cidade de Manaus. Os Irmãos Souza se transformaram em Irmãos coragens, viraram heróis. Um fenômeno invejável que despertou na elite política local grande interesse em lhes patrocinarem!
Junto com a fama veio o assedio desses comandantes da política Baré, Wallace é lançado candidato a Deputado Estadual arregimentou uma enxurrada de votos. Liderança ou fenômeno eleitoral? Prefiro tratar por fenômeno, foram decisivos para eleição majoritária de todos os que estão no poder. Embora desejassem implementar um projeto político maior, a oligarquia política sempre os convencera de abdicarem dessa idéia para serem instrumento de apoio as trajetórias políticas dessa mesma elite. Em troca lhes garantiam espaço nas emissoras de radio e TV, além de darem suporte policial para suas reportagens.
O novo formato do programa Canal Livre levou-os por longo período a serem campeões de audiência, transformaram esse fenômeno em votos que rendeu grandes votações para as novas campanhas de Wallace e a eleição de Calos e mais tarde a de Fausto. Eram idolatrados pela população que sofriam na pele os horrores da violência. Embora atendessem aos apelos da elite política local. Alimentavam a idéia de um dia tentarem vôos mais alto no cenário político do Estado. Essa insistência despertou ira de diversos setores dessa elite, uma vez que a cada eleição tinham que atender a determinado grupo e logo em seguida eram preteridos e até tirado do ar seu programa.
Era preciso parar essa avalanche de votos, de fenômenos, eles pretendiam ser Lideranças e isso era muito ruim para os planos dos donos do poder no Amazonas, como toda fama trás como companhia a pressão, não se pode afirmar, mas, possivelmente parentes cederam aos assédios dos seus principais alvos “o submundo do crime”. Se isso é verdade como apontam as investigações, Wallace mesmo agonizando por longo período, suportou calado e solitário todas as acusações a ele imputadas. Leva com ele para o tumulo todos os segredos que só ele poderia esclarecer.
Hoje Wallace será velado no Ginásio Esportivo da Escola Zézão na Zona leste da capital, era daquela parte da cidade que ele recebia as maiores votações, nada mais justo que essa população possa dar o ultimo adeus a ele. Não temos elementos para fazer qualquer juízo de valor sobre sua conduta, sobre isso só quem pode falar é o inquérito policial, as investigações do Ministério Público e a Justiça, mas, independente de qual seja a sentença, só a ascensão dos Irmãos coragens tendo como foco a Segurança Pública em nosso Estado, é de preocupar a todos nós.
Historicamente a Segurança Pública no Amazonas foi tratada apenas como coercitiva, vejam que uma das figuras mais comentada como exemplo de Secretário de Segurança é Stênio Neves, virou uma verdadeira lenda, depois vem Klinger Costa, todos tinham uma coisa em comum, cuidavam da segurança com extrema violência. Foi essa política de governo implantada por Gilberto Mestrinho que deixou de tratar a segurança como Política Pública, com ações preventivas e não só coercitiva, com presença efetiva do Estado nos lugares críticos e propícios a pratica do crime, um combate inteligente ao crime organizado, e, isso vem ocorrendo a décadas em nosso Estado, entra governo sai governo a política é a mesma! Ou seja, não existe Política de Segurança Pública no Amazonas.
Foi a ausência dessa Política de Estado que vitimou Wallace Souza, pensou ele que era possível combater a criminalidade apenas com medidas paliativas, elegeu os galerosos como seu alvo principal, esqueceu que por traz dessas galeras existe um poder paralelo imensurável que envolve sabe lá quem. Morre Wallace, fica a lição. O combate a violência e ao crime organizado é dever do Estado e não de quem quer que seja, bem ou mal intencionado!
Estamos em período de Eleição, muitos políticos que movidos pela pressão popular e a mídia, não foram capazes de aprofundar as investigações sobre as denuncias contra Walace, preferindo o cômodo papel de acompanhar o voto do Relator, seguramente irão tentar tirar uma casquinha dessa hora. Não cabe a mim aplaudi-los ou condenar, isso fica para os eleitores que sabiamente saberão defini-los.
Termino esse texto, apresentando a família dos Irmãos Souza minha solidariedade, meus pêsames e desejando a eles muita sabedoria para conviver com a perda do Wallace e discernimento para enfrentar tudo o que ainda vem por ai. Morre Wallace, fica o Mito! Culpado ou Vitima. Eis a questão, decifre se for capaz!
(*) Élson de Melo é Sindicalista
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