Manaus, AM
O sindicado dos professores fechou os olhos (já há algum tempo) e os professores de Manaus são prejudicados por decisões da SEMED. Aqui repudio o modelo adotado na SEMED por ser claramente AUTORITÁRIO.
A extinção das disciplinas fundamento de história do Amazonas e fundamento de geografia do Amazonas, a implantação do ensino religioso facultativo para os alunos e as mudanças de lotação trouxeram muitos transtornos e insatisfação aos professores de Manaus.
Há notícias de professores, preparados, qualificados para determinada área, que estão dando aulas de disciplinas totalmente diferente da sua formação, o que configuraria desvio de função.
As decisões, por terem sido feitas de cima para baixo, sem uma discussão com os professores, produziram resultados negativos para a educação de crianças e adolescentes. Os professores estão sentindo uma distância muito grande do poder público e têm muita dificuldade de desenvolver o seu trabalho. O certo é que os professores e a comunidade não foram preparados para que isso acontecesse.
Informação escorreita dá conta que houve uma consulta da Secretaria ao Conselho Municipal, mas o próprio Conselho Municipal solicitou que a SEMED fizesse algum procedimento que respaldasse essas mudanças. Até o momento isso não foi feito. Porque primeiro, o Conselho aprovou a estrutura curricular. Depois, determinou que a SEMED adotasse as seguintes providências: encaminhasse um projeto que contemplasse as Atividades Curriculares Complementares, para que fossem acrescidas à proposta pedagógica do Ensino Fundamental de nove anos e a data de aprovação desse parecer, que é dado pelo Conselho, à luz da legislação atual. E também que fosse informado de que modo seria operacionalizada a nova estrutura curricular nas escolas que ainda mantêm o turno intermediário, que é ainda o grande gargalo da SEMED. Esse encaminhamento do Conselho é do dia 17 de dezembro de 2009. Mas não houve, de maneira nenhuma, um encaminhamento direto com os professores. Os professores somente começaram a saber disso a partir do início deste ano, quando foram extra lotados.
A confusão causada é muito grande, porque a maioria deles estava com a sua vida organizada, com seu planejamento, às vezes trabalhando perto da sua casa. Muitos professores têm mais de uma cadeira e isso trouxe transtornos.
Com essa diminuição de carga horária, vai ser difícil colocar todos os professores dentro da sua formação. A má notícia é que vai piorar, pois estão sobrando muitos professores que ficaram sem carga horária. E a SEMED anuncia concurso. E mais, sabe-se que tem ainda alguns professores contratados em regime temporário. Mas com essa diminuição, muitos professores estão sem lotação ou estão indo para lugares bem distantes. Dificultar a vida dos professores não é a solução para melhorar a qualidade do ensino.
Atividades Complementares.
Quanto ao ensino religioso, tem professores que são concursados. A lei diz que é obrigatório o oferecimento do ensino religioso nas escolas, mas facultativo ao aluno. Independentemente da questão legal, verifica-se que a escola vai ter de se preparar muito bem, os professores também, porque não é mais obrigatório. E o professor de religião que só se preparou para essa disciplina, estudou teologia terá dificuldades para ter carga horária completa ou terá de lecionar outras disciplinas.
Sabe-se que essas Atividades Curriculares Complementares vão envolver várias atividades. Todavia as escolas que temos, a grande maioria, não têm estrutura. Essa tal de Atividade Curricular Complementar precisa ser muito bem trabalhada. Os próprios professores vão ter muita dificuldade na aplicabilidade da proposta da Secretaria.
No caso da Informática, alguns professores receberam capacitação, e existe uma equipe de professores, que são os multiplicadores para preparar outros professores. Mas também os laboratórios não estão funcionando, na grande maioria das escolas. E tem um número significativo de professores que ainda não enfrenta com muita tranquilidade a questão da inclusão digital. Estes vão ter dificuldade.
Outra questão importante é que muitos computadores estão obsoletos, muitos computadores foram roubados, a situação não é tão fácil como se diz, como se discursa. É muito difícil.
Falta de estrutura na SEMED.
A SEMED precisa prestar um excelente serviço. E para isso tem de se preparar, com material suficiente, merenda adequada. A SEMED continua precisando de servidores, de auxiliares de serviços gerais, de auxiliares administrativos, salas de leitura, de professores na área de informática. O professor deve estar na sala de aula, e com tantos projetos que o Ministério da Educação vem implantando nos últimos anos, a estrutura das escolas cresceu muito, demais, e não tem material humano, aquele servidor no apoiamento desse trabalho.
Ouve-se a uma só voz que falta o essencial, como material. Em todos esses anos nada foi fácil. Falta todo tipo de material. Nisso, os professores se sentem desprestigiados, o Plano de Cargos até hoje não foi mexido e foi uma proposta do atual prefeito. Falta revisão. O Plano de Cargos prejudicou muitos funcionários, e em 2007, foi modificado pelo prefeito anterior, já tem um ano da nova administração e nada foi feito. O Plano de Cargos está distorcido da realidade.
Sobre o apadrinhamento na SEMED.
Essa história de dizer que hoje não se tem mais padrinho, não existe em nenhuma administração. Tem e continua tendo. É hipocrisia se falar que não existe mais apadrinhamento. Há gestores colocados agora, por indicação, mas que não têm perfil para administrar. Já foram feitas várias tentativas, até tentativa de eleição, e nestas houveram muitos problemas. Houve uma época em que os gestores eram escolhidos pela escola e a comunidade. Na administração passada havia uma avaliação, o Proced, que é o Processo de Seleção de Diretores, mas também teve apadrinhamento. Mesmo aqueles diretores que passaram com notas boas, e como não tinha critério de nomeação, eram colocados em escolas grandes, escolas boas. E aqueles que supostamente alinhados às outras administrações passadas, passavam no Proced mas iam para lugares bem distantes, para escolas pequenas.
Falta de diálogo e discussão.
Enquanto isso, o secretário Vicente Nogueira diz que essas mudanças aconteceram depois de muito diálogo, discussões, estudos e reflexões e tal, mas que, deliberadamente, evitou-se o "assembleísmo juvenil que ainda é muito comum em certos meios". Traduzindo, feito de modo a “descer goela abaixo mesmo” dos professores. Com muito prejuízo ao professor e ao aluno da rede municipal.
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