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3 de mar. de 2024

Crônica: O fracasso dos editores da sociedade. O caso das cotas na USP.

 


Na intricada trama dos bastidores da sociedade, há um espetáculo que muitos preferem ignorar. É a comédia do fracasso dos editores da nossa realidade, um enredo que se desenrola diante de nossos olhos, exposto nas entrelinhas de uma reportagem sobre a aferição das cotas raciais na USP.

A cena se desenrola com a pompa de uma tragicomédia, onde os protagonistas, os candidatos autodeclarados, lutam por um lugar ao sol nas alamedas da academia. Mas, ah, que reviravolta! Eis que suas pretensões são barradas pela caneta implacável da comissão de heteroidentificação, que decide, com a autoridade de um juiz de ocasião, quem é ou não é merecedor das vagas reservadas.

204 recursos de candidatos negados, uma estatística que ressoa como um coro de descontentamento em meio ao silêncio cúmplice dos corredores da universidade. Mas que ironia! Dos 204, apenas 51 foram deferidos, como se a decisão dos editores fosse irrefutável, inquestionável, como se a verdade coubesse em um punhado de números.

Ah, a justiça da lógica retorcida, onde a pele clara, os lábios finos, os cabelos lisos são evidências irrefutáveis de uma identidade que ousa desafiar a autodeclaração. Como se a cor da pele pudesse ser medida em tonalidades, como se a negritude coubesse em um espectro de pigmentos.

E que dizer dos estudantes que, desafiando a ordem estabelecida, ousam processar a universidade em uma tentativa desesperada de provar sua identidade? Uma tragicomédia moderna, onde o palco é o tribunal e o veredito, uma sentença que define o destino dos protagonistas.

Mas não se enganem, caros leitores, essa não é apenas uma história de injustiça e desespero. É também uma saga de resistência, onde os excluídos se unem em uma batalha épica pela sua própria dignidade. Um movimento que desafia as convenções sociais, que questiona as estruturas de poder, que exige justiça em um mundo onde a verdade é muitas vezes distorcida em nome da conveniência.

E assim, no palco da sociedade, o drama se desenrola, entre risos e lágrimas, entre ironia e indignação. É uma história que ainda não chegou ao fim, uma narrativa em constante evolução, onde os protagonistas lutam não apenas por uma vaga na universidade, mas por um lugar de direito na história de um país que ainda busca reconciliar-se com seu passado e construir um futuro mais justo para todos os seus filhos.

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