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3 de mar. de 2024

Crônica: a invisibilidade do homem da Amazônia.

Na imensidão verde da Amazônia, onde as árvores tocam o céu e os rios serpenteiam como veias pulsantes da terra, há uma história que muitos preferem ignorar. É a saga do homem amazônico, esquecido nos bastidores do grande espetáculo da natureza, sufocado pela sombra da invisibilidade.

Imaginem só, caros leitores, o homem amazônico, filho dileto dessa mãe floresta tão generosa e tão avassaladora. Enquanto as árvores erguem seus galhos em um espetáculo de exuberância, ele se vê submerso em um oceano de pobreza e esquecimento. É como se a própria terra que o nutre o engolisse, deixando-o à margem da prosperidade que dela brota.

Ah, mas não se enganem! A riqueza da Amazônia, vista através das lentes míopes do progresso desenfreado, é uma ilusão que obscurece a verdadeira narrativa dos que nela habitam. Enquanto as autoridades discutem cifras e políticas de desenvolvimento, o homem da Amazônia luta para sobreviver em meio à devastação que assola sua casa.

E assim, no grande palco da floresta, o homem amazônico se torna um mero figurante, uma sombra entre as árvores, uma voz abafada pelo rugido das motosserras. Sua história, suas dores, suas esperanças são relegadas ao silêncio, enquanto o mundo segue seu curso, indiferente à sua existência.

Mas, meus caros, não subestimem a força desses homens e mulheres esquecidos. Por trás da invisibilidade forçada, há uma resiliência que desafia qualquer lógica. São guerreiros da sobrevivência, mestres na arte de resistir aos ventos da adversidade, mesmo quando ninguém parece notar.

É hora, pois, de abrir os olhos para a verdade crua que se esconde por trás da cortina verde da Amazônia. É hora de reconhecer o homem amazônico não como um coadjuvante, mas como o protagonista de sua própria história. É hora de dar-lhe voz, de erguê-lo do abismo da invisibilidade e fazer ressoar seu grito de dignidade por toda a floresta.

Que não sejamos mais cúmplices desse teatro da negligência, onde o homem da Amazônia é relegado ao papel de espectador em sua própria tragédia. Que possamos, enfim, enxergar além das árvores, além dos rios, e reconhecer a humanidade que pulsa no coração da selva, clamando por justiça, por igualdade, por uma chance de ser visto e ouvido.

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