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26 de ago. de 2023

Crônica: Tá no Sangue!

 Tá no Sangue!

Ah, meus caros e caras conterrâneos, que meus olhos já viram e minha mente já testemunhou! A tal da corrupção, dizem alguns por aí, está tão arraigada nos brasileiros quanto o jeitinho de improvisar uma festa de última hora. É como se fosse um elemento da nossa identidade nacional, uma daquelas coisas que coloca o "Brasil" em "brasileiro", com todo o seu sabor tropical de maracujá com propina.

A corrupção é como um resquício cultural que atravessou séculos, como se nossos antepassados já trocassem favores duvidosos enquanto Dom Pedro proclamava a independência montado em seu cavalo real e pensando: "Será que dá para fazer um esquema com essa coroa?" E assim, a prática foi passando de geração em geração, como uma receita de bolo transmitida de mãe para filho, só que, nesse caso, o ingrediente principal era a malandragem.

Lembro-me de uma conversa que presenciei entre dois cidadãos patriotas. Um deles afirmava com convicção: "Essa história de corrupção é coisa nossa, está no nosso DNA!" E o outro, erguendo a sobrancelha com ironia, respondia: "Bom, se está no DNA, deveríamos patentear e ganhar uns royalties, não acha? Seria uma boa forma de tirar o país do vermelho... literalmente."

Mas não sejamos tão duros com nós mesmos. Afinal, a corrupção é como um caso de amor complicado: a gente sabe que não é saudável, mas parece irresistível. Quando vemos aquele político esperto desviando dinheiro, é como se ele estivesse nos oferecendo um passeio na montanha-russa da impunidade. E lá vamos nós, gritando de emoção e fingindo que não sabemos que tudo vai terminar em um looping de escândalos.

E a corrupção, meus amigos, não é exclusividade dos políticos. Ela é uma praga que se espalha como um vírus, contaminando todos os cantos da sociedade. Do gari que aceita um trocado para fingir que varreu a rua até o empresário que suborna para ganhar uma licitação, todos têm sua participação nessa dança macabra. E o pior é que às vezes nos pegamos aplaudindo, como se estivéssemos assistindo a um espetáculo de circo onde o palhaço é o único que não sabe que é engraçado.

Quem diria, hein? Nós, um povo conhecido pela simpatia e pelo samba no pé, acabamos ganhando fama também pelo "jeitinho brasileiro" de dar um jeito em tudo. E é nesse paradoxo que nos encontramos, entre o carnaval e a corrupção, entre o gingado e o suborno. Somos um país que dribla a ética como um craque dribla os zagueiros, sempre buscando um gol de vantagem.

Então, meus caros, enquanto houver um político de mãos escorregadias e um cidadão disposto a fechar os olhos, a corrupção continuará a ser nossa fiel companheira de jornada. Mas quem sabe um dia, no meio desse samba torto, a gente não dá um passo na direção certa? Afinal, como dizia meu avô com sua sabedoria peculiar: "Se corrupção fosse talento, o Brasil seria uma sinfonia."

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