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30 de abr. de 2012

Descoberta de petróleo causa euforia em Tefé (?)

Tefé, AM

Não é bem assim, mas leiam a notícia.

(de A Critica)

Uma certa ansiedade pode ser sentida nas esquinas movimentadas e esburacadas de Tefé, município localizado na região do Médio Solimões, a pouco mais de 575 quilômetros de Manaus. Desde que a Petrobras e a HRT O&G iniciaram as buscas por campos de petróleo e gás nas terras da região, população se alvoroçou. Ao que tudo indica, Tefé é a “bola da vez” da indústria petrolífera na Amazônia e todos estão de olho nessa riqueza. Todos.

A “boa nova” do petróleo pegou Tefé de surpresa. A economia do município de pouco mais de 61 mil habitantes vivia um momento de estagnação econômica minimizada apenas pelos programas sociais do Governo Federal. Apesar de ser uma cidade considerada polo para os demais localizadas na região do Médio Solimões, o que sempre lhe rendeu um comércio vibrante, Tefé não difere muito do padrão dos demais municípios amazônicos: população majoritariamente pobre e economia baseada no extrativismo e nos recursos provenientes das folhas de pagamento da prefeitura e do Governo do Estado. Por isso, a notícia de que poderia haver petróleo em Tefé mexeu tanto com a cidade.

No final de 2010, a HRT O&G aportou na cidade levando consigo toneladas de equipamentos e uma quantidade intangível de esperança. Concessionária de 21 blocos de exploração na Bacia Sedimentar do Solimões, ela iniciou em 2011 sua campanha de pesquisa e contratou centenas de trabalhadores da região, dando um novo gás para a combalida economia do município. O maior hotel da cidade foi inteiramente alugado para a empresa por tempo indeterminado. Os demais passaram a ficar constantemente lotados. O aeroporto de Tefé recebeu uma base da Air Amazônia, companhia aérea criada pela HRT Participações (controladora da holding) exclusivamente para suprir as necessidades de transporte e logística da petrolífera.

Aposta empresarial
 
Impressionados pela movimentação, empresários locais decidiram aproveitar o momento. A construção civil tomou impulso e dezenas de apartamentos foram construídos na esperança de que um dia seriam alugados pelos funcionários da companhia ou das prestadoras de serviço. Placas de “aluga-se” estão por todos os lugares. De repente, a terra da castanha se transformou na terra do petróleo. “A gente percebeu um grande número de empresários investindo em imóveis para acomodar o pessoal das empresas e em embarcações para aluguel. É como a gente vê em garimpo. A ‘fofoca’ é muito grande”, diz Paulo de Oliveira Lima, 41, vice-presidente da Associação Comercial de Tefé.

Aposta pessoal
 
Josué Souza da Silva, 29, é um dos que apostou todas as suas fichas no ouro negro da Amazônia. Desde que foi dispensado pelo Exército, em 2008, ele usou suas economias para comprar um caminhão com o qual fazia o transporte de cargas. Em 2011, trocou o veículo por uma van e assinou um contrato com a HRT para fazer o transporte dos seus funcionários pela cidade. Há um mês e meio, pediu a namorada em casamento e espera que a cerimônia ocorra ainda este ano. Empolgado, torce que a bonança trazida pelas petrolíferas tenha longa duração. “No município não tem nada para fazer. Ou você trabalha para a prefeitura ou não tem emprego. Graças a Deus essa empresa chegou para movimentar as coisas aqui”, diz Josué.
Tefé: População:  61.453
Área: 23.704,488 Km²
Distância: a 523 quilômetros de Manaus em linha reta ou a 631 quilômetros  por via fluvial
PIB: R$ 293 milhões
IDH-M: 0, 663

Poço encontrado é um ‘elefante’ na produção

As perspectivas para a indústria petrolífera em Tefé são, realmente, promissoras. A HRT O&G já perfurou sete poços e encontrou acúmulos de gás e petróleo em pelo menos quatro deles. A Petrobras, que há alguns anos vinha mantendo seus investimentos apenas na região do rio Urucu, recentemente aumentou suas atividades no município.

Apesar de concentrar boa parte de suas operações em Tefé, os resultados obtidos pela HRT O&G ainda inspiram desconfiança tanto em seus investidores quanto na população local. Isso porque as jazidas encontradas não foram consideradas rentáveis. Por outro lado, a prospecção da Petrobras já causa furor no mercado petrolífero.

Em novembro de 2011, a estatal anunciou a descoberta de um poço conhecido como Igarapé Chibata com produção média de 2,2 mil a 2,5 mil barris de petróleo diários. Em março de 2012, a Petrobras anunciou um novo poço, batizado como Leste de Chibata, com produção média diária de 1,4 mil barris de petróleo e 45 mil metros cúbicos de gás natural. Em ambos os casos, a estatal afirma que a produção dos poços é superior à média nacional obtida em poços terrestres.

Os executivos da companhia não se manifestam publicamente sobre as novas descobertas, entretanto, uma analogia é comumente utilizada entre os envolvidos na campanha exploratória do Solimões para descrever as novas descobertas: se Urucu é o “rabo”, Chibata é o elefante.

Royalties na mira
 
A perspectiva de riqueza no curto e médio prazos mexeu com a sociedade local. Um fórum comunitário, com participação da sociedade civil e das autoridades locais já foi criado para discutir o que será feito com o dinheiro dos royalties que o petróleo deverá gerar para o município. “Sem dúvida, a descoberta de que existe petróleo na região é uma boa notícia para a população que há muito tempo vinha vivendo sem esperança. A questão é como o essa riqueza será percebida pelo povo”, diz o bispo da Prelazia de Tefé, Sérgio Eduardo Castriani.

O prefeito, Juscimar Veloso (PMDB), que assumiu o cargo depois que o ex-prefeito Sidônio Gonçalves foi cassado, já começou a administrar os primeiros milhões de reais gerados pela produção de petróleo do Igarapé Chibata. Ele sabe que as perspectivas são otimistas e que o município terá de se preparar, sobretudo, institucionalmente, para administrar bem a nova riqueza. “A nossa ideia é usar esses recursos para melhorar a educação e estimular o setor primário, mas ainda é cedo para comemorar, embora a vontade seja grande”, afirma.

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